Corrida presidencial 2014: a história política de Marina Silva – Por Cristiane Lopes*

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Após o falecimento do presidenciável Eduardo Campos (PSB), seu partido optou por Marina Silva como a substituta, que antes era candidata à vice-presidente na chapa, e Beto Albuquerque (PSB) como vice-presidente de Marina na corrida presidencial 2014. Já tivemos um artigo que explanou a trajetória política dos candidatos Dilma Rousseff, Aécio Neves e de Eduardo Campos, o ideal é termos um a cerca da história política da agora candidata a presidência, Marina Silva.

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Acreana da pequena comunidade de Breu Velho, no seringal Bagaço, Maria Osmarina Marina Silva Vaz de Lima nasceu no dia 08 de fevereiro de 1958, é mais conhecida como Marina Silva e passou a ser chamada assim durante sua inserção no mundo político.

Marina, diferente dos candidatos já explorados aqui, não é de família rica, classe média ou de tradição na política, ela é de uma família pobre que vivia do trabalho e da luta diária no seringal Bagaço, onde teve que começar a trabalhar aos 10 anos para ajudar o pai a pagar uma dívida ao patrão.

Devido às dificuldades passadas pela família, Marina só foi alfabetizada aos 16 anos por meio do Mobral (um programa de alfabetização criado na Ditadura Militar), quando na época havia se mudado para Rio Branco a procura de tratamento médico para hepatite e do sonho de se tornar freira, para se sustentar na capital ela precisou trabalhar como empregada doméstica.

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Outra diferença entre Marina e os candidatos é que eles são formados em Economia e ela é graduada em História pela Universidade Federal do Acre. Ainda vivia no convento quando se interessou em fazer um curso de liderança sindical, ministrado pelo teólogo Clodovis Boff e pelo líder seringueiro Chico Mendes, durante o decorrer do curso Chico viu em Marina uma aliada na luta dos seringueiros contra o desmatamento e na criação de reservas extrativistas.

Com a desistência do sonho de tornar-se freira e a aproximação com Chico Mendes, levaram Marina a dar seu primeiro passo e adentrar na política, a princípio lutando pelas causas dos seringueiros, quando em 1984 fundaram a Central Única dos Trabalhadores do Acre (CUT), onde ela era vice-coordenadora.

Em 1986 filiou-se ao PT e se candidatou a Deputada Federal, apesar de ficar entre os cinco candidatos mais bem votados, ela não conseguiu ser eleita, pois o partido não alcançou o número mínimo de votos exigidos. Já no ano de 1988 foi eleita a vereadora mais votada de Rio Branco, durante seu mandato Marina ficou muito conhecida por ter abdicado de gratificações e auxílios que os vereadores recebiam, devido sua popularização foi eleita Deputada Estadual (1990) em mais uma votação recorde.

Foi em 1994 que Marina entrou para a história ao ser a Senadora mais jovem a ser eleita, com apenas 36 anos, sendo reeleita em 2002 também com votação recorde. Chegando ao senado, Marina passou a defender a nível nacional a luta dos seringueiros e a questão do desenvolvimento sustentável, teve 54 projetos de lei aprovados, que primavam desde a preservação ambiental até direitos territoriais do povo indígena.

Seu engajamento pelas causas ambientais levou o então presidente Lula a nomeá-la como ministra do Meio Ambiente em 2003, o período que foi ministra ficou marcado pelos embates travados com os demais ministérios e dentro do próprio partido, pois o interesse econômico era colado acima da preservação ambiental, mesmo assim Marina conseguiu vitórias como: obtenção prévia de licença para viabilização de construções privadas que explorassem o meio ambiente, a inserção da sociedade em relação a causas ambientais e a participação crucial do IBAMA em qualquer licitação dos blocos de petróleo.

Desentendimentos com ministros, divergências com Dilma, era ministra-chefe da Casa Civil e não costumava facilitar à liberação das concessões ambientais, e o fato de seu projeto Plano Amazônico Sustentável ter sido atribuído à administração de Roberto Mangabeira, da Secretaria Especial de Assuntos Estratégicos da Presidência da República, levou Marina a pedir demissão em 2008 e com isso voltar ao senado. Apesar das conquistas na época de ministra, Marina também foi derrotada em causas que eram tidas como cruciais, uma delas foi a viabilização da usina nuclear Angra III.

Marina saiu do PT (Partido dos Trabalhadores) em agosto de 2010, segundo ela foi devido a divergências de ideias e filiou-se ao PV (Partido Verde), disputou as eleições presidenciais e apesar de ter somente 1 minuto e 23 segundos disponíveis para propaganda eleitoral, ela revolucionou ao utilizar as redes sociais para fazer campanha, teve apoio de diversos artistas e intelectuais e conseguiu a surpreendente marca de 19,6 milhões de votos, quase 20% dos votos válidos, muitos acreditam ter havido segundo turno em 2010 por causa da fenomenal marca alcançada por Marina, que ficou neutra na disputa final entre Dilma e José Serra.

Depois de sua incrível campanha presidencial Marina anuncia sua saída do PV para criar um novo partido chamado Rede Sustentabilidade, porém mesmo com 910 mil apoio em todos os estados e mais de 660 mil assinaturas o partido não foi reconhecido pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE), pois 95 mil das fichas foram recusadas. O mais provável é que o incrível crescimento popular de Marina desde 2010 tenha influenciado medalhões de partidos a inviabilizar o reconhecimento de seu partido, já que assim a impediriam de se candidatar a presidência em 2014.

Por não conseguir criar seu partido, Marina filiou-se ao PSB (Partido Socialista Brasileiro) e entrou como vice-presidente na candidatura presidencial de Eduardo Campos, Entretanto, com a trágica morte de Campos, Marina foi a escolhida pelo partido para concorrer a presidência da república e já chegou na última pesquisa Ibope (26/08/14) com 29% das intenções dos votos, ficando em segundo lugar, atrás de Dilma (34%) e a frente de Aécio (19%) e na pesquisa do Data Folha 29/08/14), Marina já está empatada com a presidenta, ambas com 34% e Aécio com 15%.

Marina Silva chegou com o apoio total de todos os movimentos sociais, possui ideais de renovação política e busca a união ao invés do embate político. Muitos enxergam nela a pessoa mais apta para implantar filosofias que são discutidas há anos e que enfim podem ser implantadas, um segundo turno já é eminente entre ela e Dilma e poderá ser este o momento no qual os brasileiros poderão presenciar a quebra da tal polarização partidária, que, de certa forma, acompanha o Brasil desde o início da república.

ESCÂNDALOS ENVOLVENDO MARINA SILVA

– Não há nenhum escândalo envolvendo o nome de Marina Silva, no entanto nas últimas semanas a Polícia Federal está investigando a possibilidade do avião acidentado onde estava Eduardo tenha sido comprado por laranjas.

– Existem polêmicas em relação à questão religiosa de Marina, que era católica e no final dos anos 90 optou pela religião evangélica.

SÃO CONSIDERADOS PONTOS POSITIVOS NOS GOVERNOS DE MARINA

– Abdicou de privilégios enquanto vereadora;

– 54 projetos de lei aprovados no senado;

– Marina desmembrou o IBAMA e repassou a gestão das unidades de conservação da natureza federais para o Instituto Chico Mendes;

– Criou o Fundo de Participação dos Estados e do Distrito Federal – FPE – para as unidades da Federação que abrigarem em seus territórios unidades de conservação da natureza e terras indígenas demarcadas;

– A primeira a defender a importância de o Governo Federal assumir uma postura em relação à redução das emissões de gases de efeito estufa;

– Marina Silva também denunciou pressões dos governadores de Mato Grosso, Blairo Maggi, e de Rondônia, Ivo Cassol, para rever as medidas de combate ao desmatamento na Amazônia;

– Cobrou do Governo e do Congresso Nacional a inclusão de uma meta brasileira, com os percentuais para a redução das emissões de gases do efeito estufa até 2020;

Reconhecimento internacional:

– Em 1996, Marina Silva recebeu o Prêmio Goldman do Meio Ambiente pela América Latina e Caribe, nos Estados Unidos;

– Incluída na lista do jornal “The Guardian”, conquistou o “2007 Champions of the Earth”, o principal prêmio da ONU na área ambiental;

– Em outubro de 2008, recebeu das mãos do príncipe Philip da Inglaterra, no palácio de Saint James, em Londres, a medalha Duque de Edimburgo, em reconhecimento à sua trajetória e luta em defesa da Amazônia brasileira;

– 2009, recebeu o prêmio Sophie da Sophie Foundation, concedido a pessoas e organizações que se destacam nas áreas ambientais e do desenvolvimento sustentável, em Oslo, Noruega;

– Também em 2009, recebeu da Fundação Príncipe Albert 2º de Mônaco o Prêmio sobre Mudança Climática (Climate Change Award), em reconhecimento à sua contribuição para projetos na área do meio ambiente, ações e iniciativas conduzidas sob a ótica do desenvolvimento sustentável;

– Em 27 de julho de 2012, Marina carregou a bandeira olímpica na abertura dos Jogos Olímpicos de Londres, junto com Ban Ki-moon, o maestro argentino Daniel Barenboim e ganhadores do prêmio Nobel. A escolha de seu nome, segundo o Comitê Olímpico Internacional, ocorreu em razão de sua importância na defesa do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável.

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*Cristiane Lopes é acadêmica de Pedagogia no campus de Bacabal da Universidade Estadual do Maranhão.

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Sobre o autor | Website

Blogueiro há 15 anos da área de Educação e Concursos, já publiquei mais de 6.059 notícias; Jornalista Técnico (Registro Nº 1102-MA - Ministério do Trabalho); Mestre em Ciência da Computação (UFMA), Doutorando em Biotecnologia (UFDPar). Em tempos de desinformação e fake news, o Castro Digital reforça o compromisso com o jornalismo de qualidade. Publico informações de forma responsável e que você pode confiar. Currículo Lattes.

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1 Comentário

  1. Unknown disse:

    Muito bonita a história, pena que a plataforma politica não tem sido analisada, temos que tomar cuidado com essa candidata que na atualidade é a representante dos banqueiros (ITAÚ), da milionária (NATURA) que responde processo por biopirataria e trabalho escravo (financiadores da campanha de Marina) e pretende dar autonomia ao Banco Central.
    Marina já manifestou publicamente que irá tomar medidas ortodoxas na economia, ou seja, política para os ricos, antes de votar em Marina analise a plataforma política (caso não faça parte das classes detentoras do capital), vejo nesta candidata um típico caso de pessoa que veio da classe baixa e agora defende o interesse dos ricos e poderosos.
    Na campanha de Fernando Collor de Mello, tivemos a criação de uma imagem de salvador, nos meios de comunicação muito parecida com a de Marina, a mídia tem um papel “positivo’’, porém não pode substituir a analise e o bom senso. É preciso interpretar o que há por trás das palavras bonitas e infladas pelos meios de comunicação.

    Veja: pocos10.com.br/?p=13165